A Roda da Vida não deverá ter menos que cinco quadrantes, pois existem, certamente, pelo menos cinco campos que corresponderão a áreas base da nossa vida. Por exemplo: a saúde, as finanças, o romance, a carreira e a vida social. Não deverá ter mais que dez campos, sob pena de se criar demasiada dispersão. Identificadas as áreas-chave da vida de cada um, o segundo passo será desenhar uma roda e dividi-la no número de campos identificados.
Depois, para cada um, analisar o nível de satisfação actual, comparando com o que a pessoa considera ser “100% de satisfação”. Esta análise e avaliação são pessoais, pois o que é considerado uma situação ideal para uma pessoa poderá não ser para outra. Perante um mesmo cenário, uma situação poderá ser satisfatória para uma pessoa e ser completamente insatisfatória para outra.
Esta avaliação vai sendo colocada na roda, nos respectivos campos, preenchendo o “queijo”, no sentido do centro para a periferia, na área que corresponde ao nível de satisfação. Por exemplo, uma satisfação de 50% com a Saúde, corresponde a metade do “queijo” preenchido.
Uma satisfação de 85% já corresponderá a mais área preenchida, para mais próximo do limite da roda. O processo repete-se para cada uma das áreas-chave. No final, deve olhar-se para o gráfico que resulta e analisar se a informação visual que o mesmo nos dá, reflecte os desequilíbrios sentidos na nossa vida, se as áreas com menos preenchimento são, de facto, aquelas com que nos sentimos menos satisfeitos e que poderão contribuir para a insatisfação geral e descaracterizada que por vezes se sente e não se sabe ao certo de onde vem, porque tudo parece estar, aparentemente, bem.
A vida, tal como uma roda, precisa de certas condições para rodar. Uma roda com desníveis não rola com fluidez, anda aos solavancos. Os desequilíbrios identificados na Roda da Vida poderão, também eles, ser responsáveis pelos solavancos e desequilíbrios sentidos na nossa vida, que nos causam sentimentos de insatisfação e angústia para os quais, por vezes, não identificamos a origem.
O resultado deste exercício é precisamente o diagnóstico do estado actual: identificar, na nossa vida, quais as áreas que consideramos importantes e qual o nível de satisfação actual em cada uma delas. Este será o primeiro passo para o planeamento para a mudança em direcção ao estado futuro desejado. E, agora, por onde começar esta mudança?
Existem várias possibilidades. A considerada mais ecológica em Coaching, é a identificação da área de alavancagem. A área de alavancagem é a área que, com menor esforço e menor investimento, ao conseguir melhorar, terá mais impactos positivos nos níveis de satisfação com as outras áreas. Identificada esta área e optando por agir sobre ela, o plano de acções será feito no sentido de alavancar esta área.
Poderão ser colocadas questões que nos ajudem nesta reflexão:
• Como gostava que fosse? – Identificação e clarificação do estado futuro desejado;
• O que posso fazer para mudar? – Descobrir que acções podem ser tomadas;
• Que tarefas/acções, em concreto? – Concretizar essas acções em tarefas específicas;
• Quando vou começar? – Definir uma data para o primeiro passo (e seguintes);
Outra possibilidade, é identificar, livremente, olhando para as várias áreas, e escolhendo trabalhar sobre aquela que se entende ser a mais importante, ainda que possa não ser a mais carenciada. Claro que esta opção pode acarretar custos de manter os desequilíbrios sentidos devido às discrepâncias entre os níveis de satisfação com as várias áreas.
A Roda da Vida é uma ferramenta muito simples na sua aplicação, mas que pode trazer impactos profundos na vida de uma pessoa, pela análise que possibilita. Este é o primeiro passo para o plano de acções, pelo que também permite que as acções que se planeiam sejam consentâneas com o estado futuro desejado. Esta ferramenta, muito utilizada em Coaching, pode ter diversas variantes, seguindo sempre a sua estrutura de Roda. Podemos desenhar a Roda dos Valores, a Roda da Equipa, a Roda da Saúde, … Cada Roda, pode ser desdobrada, mediante os seus campos, em outras Rodas com campos mais específicos.
Sabendo onde estamos, e sabendo para onde queremos ir, é mais fácil escolher qual o caminho.
Escolher um caminho sem saber de onde se parte e para onde se quer ir é desperdício de recursos e, portanto, não agrega valor à nossa vida.
Ver a vida como um todo é fundamental para o nosso bem-estar e felicidade!
Por Christiane Tscharf (Lean & Agile Coach linkedin.com/in/christianetscharf)
(Artigo publicado na revista Zen)
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